
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Leitura na EJA: A árvore que dava dinheiro
Felicidade é uma cidade como tantas outras no interior deste vasto país: pequena, esquecida no tempo, gente simples, pobre e sonhadora. Nem por isso é virtuosa - a ganância e a avareza ali reinam.
Um velho sovina, dono de metade da cidade, morre, deixando todos seus bens para seus inquilinos, com uma condição: numa cerimônia solene, devem ser plantadas três sementes na praça.
As sementes, mal e porcamente jogadas na terra, mudarão os rumos da cidade - uma logo morre, outra resseca-se com o passar do tempo, mas a terceira viceja no meio da adversidade e revela um fruto diferente: produz cédulas novíssimas.
Está dada a largada a uma corrida que, de início trará euforia e vontade de ter sempre mais e mais, comprar mais e mais, guardar, juntar, gastar, criar inimizades, rivais, brigar, dar escândalo e esquecer das coisas simples e belas. Em meio a toda essa euforia, existe a figura do açougueiro da cidade, um homem ligado à natureza, à simplicidade, ao amor, à vida, sendo muito criticado por sua postura, inclusive por sua família.
O tempo virá mostrar que as coisas não são tão simples assim, e que, antes do dinheiro, existem coisas mais importantes na vida e que, para ser feliz, o que vale não é o material, mas sim saber viver.
Assim é construido o enredo de A árvore que dava dinheiro de Domingos Pellegrini, uma história escrita numa linguagem simples, direta, que tem por primazia enaltecer a beleza da simplicidade e demais sentimentos puros.
Em conjunto com a auxiliar de Biblioteca da EMEF São João Novo - Ciclo II, em São Roque - SP, desenvolvi essa leitura com duas turmas da EJA (Educação de Jovens e Adultos), 1o e 3o termo (equivalentes à 5a e 7a série do Ensino Fundamental), turmas essas com alunos numa faixa etária que variava dos 16 aos 65 anos. As reações foram várias e surpreendentes. Os mais velhos, principalmente, remeteram muito à história do próprio bairro, apontaram diversas semelhanças e lembraram com saudades dos tempos antigos. Os mais novos também não ficaram de fora e também puderam refletir sobre os sentimentos humanos, colocando-se também no lugar das personagens e pensando suas atitudes e posicionamentos.
Ganância, avareza, luxúria, consumismo, dinheiro fácil, entre outros assuntos foram discutidos, motivados a partir dessa leitura. Minha colega e eu atuamos mais como mediadores do que darmos nossa opinião. Os alunos, que nunca tiveram essa oportunidade de leitura amaram essa atividade (que era realizada às sextas-feiras) e aguardavam com ansiedade o dia da leitura na biblioteca.
Para mim e minha colega foi uma experiência gratificante e de grande aprendizagem, inclusive enriquecendo-nos com a história do bairro, costumes, tradições.
É uma leitura que recomendo a todos, não só EJA, mas todas séries finais do Ensino Fundamental.
Passos do Projeto:
- Escolher um dia da semana para a atividade, de preferência na Biblioteca Escolar;
- Disponiilizar, se possível, cópias para todos alunos;
- Dividir previamente a quantidade de aulas em que será desenvolvida a leitura;
- No primeiro dia, conversar com os alunos sobre o enredo(não contar as partes importantes, apenas fazer uma introdução da história) e sobre as características das cidades do interior, sua população, suas tradições etc.;
- Ao final de cada leitura, registrar um resumo, com ajuda dos alunos, do que foi lido e, na aula seguinte, retomar esse resumo, antes da leitura;
- Sempre, no início, durante ou no final, discutir questões éticas e morais envolvidas no trecho lido;
- Nas leituras, procurar dramatizar a leitura, para que não fique maçante, cansativo;
- se surgir, registrar dados referentes à história da comunidade.
Produto final:
- produções de texto: quadrinhos, reescritas ( inclusive com apêndices, contando com histórias da comunidade, tradiçoes, receitas e otras coisas mais que surgirem), resenhas etc;
- debates;
- painéis, cartazes etc.
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